Confesso que ao longo dos episódios, em alguns momentos, não pude me furtar de pensar em outra famosa série que esbarrei pouco mais de 16 anos atrás: Lost.
Fui introduzido no mundo das séries por Lost. Lembro como se fosse hoje do episódio 'Pilot'. Nunca havia assistido - até aquele momento - algo que me arrebatasse tanto e tão rápido. Ao final daquele episódio de pouco menos de uma hora, eu tinha certeza de que estava diante de algo novo que marcaria época.
E foi assim nos anos seguintes: episódios como "A Tale of Two Cities", "White Rabbit", "Man of Science, Man of Faith" trago comigo até hoje, presos na retina. A escotilha de Desmond, o barco da Penny, a "peruca" do Locke, a redenção do Charlie.
Além de ser o primeiro seriado que acompanhei desde o início, foi minha primeira experiência com algo multiplataforma. Decifrei os 'easter eggs' no site da Oceanic Airlines, catei os vídeos da Hanso Foundation na internet, e fiz os desafios online que ora ou outra surgiam nos fóruns de discussão e nas páginas do falecido Orkut.
Mas Lost se 'perdeu' (tudumtss). Não sei bem precisar quando, mas arrisco dizer que foi na oportunista tentativa de alongar a série por tempo maior que o previsto originalmente. Às pressas, personagens surgidos do nada tomavam tempo de tela, em histórias que começavam e terminavam, e que em nada agregavam para sabermos sobre a Iniciativa Dharma, sobre a Fumaça-Negra ou os ursos polares na ilha tropical.
E quando comecei a assistir Dark, fiquei com medo, confesso. A fórmula parecia estar sendo repetida: muitas perguntas sendo deixadas pelo caminho, viagens no tempo... Já tinha visto essa história antes. Mas, surpreendentemente, não foi o que vi. No fim, meu medo foi infundado.
A impressão que tive é que os roteiristas de Dark sempre souberam o caminho que seguiriam e o desfecho de tudo. Nenhuma oferta tentadora os fizeram querer aumentar o que já estava definido desde o início, podendo causar confusão (mais confusão, no caso) aos espectadores que, assim como eu, não alardeavam muito a série para não incorrer em no risco de serem chamados de idiota, como aqueles que foram fiéis à Lost.
Dark não é uma série simples de assistir. Suas idas e vindas, com pulos de personagens no tempo e em linhas do tempo diferentes, com o cruzamento do mesmo personagem com seu 'eu' diversas vezes, em muitos momentos, me fazia questionar se os escritores conseguiriam desatar aquele 'nó'.
A opção deles para garantir um final bom, foi fazer o óbvio (embora o conceito de 'obviedade' em Dark não seja tão 'obvio'). Não se renderam a ideias mirabolantes e foram fiéis à narrativa. Explicaram tudo que era necessário para que quem acompanhou esses três anos de série, ao final, pudesse respirar relaxado por ter tido o resultado que esperava. Sem sobressaltos, sem invencionices. Apenas um bom final para uma boa história. Essa foi Dark.
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