sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Letargia

Minha sexta-feira se inicia letárgica, preguiçosa... Tenho demandas
profissionais, e estou tentando cumprí-las da melhor maneira possível,
afinal de contas, sou profissional, mas acredito que deveria existir
uma lei para que a pessoal pudesse tirar uma folga em dias assim. Dias
que o sol da rua atrai muito mais que relatórios intermináveis,
reuniões sonolentas, onde nenhuma decisão importante será tomada, ou
colegas limitados queixando-se interminavelmente sobre suas agruras
corporativas - e até pessoais algumas vezes -, como se o problema
delas, fosse o nosso problema.

Não poderei resolver todas as suas mazelas. Muitas vezes, não consigo
resolver nem as minhas! Só consigo pensar, em meio as "ladainhas", no
dia esvaindo-se lentamente, igual a areia de ampulheta, levando
consigo os minutos, os dias, as horas, tudo de bom e de ruim que
aconteceu, ou não aconteceu.

Penso no chimarrão bem quente e na rapadurinha de amendoim, na
preguiça, no bocejo que sai da boca do desocupado, que pode
racionalizar sua vida, ou pode não racionalizar nada também, mateando,
fazendo sua fotossíntese, à luz do sol. Olho para rua e penso na
canção de Lou Reed: "Just a perfect day, drink sangria in the
park...", e sinto uma saudade! Não da sangria, mas do parque. Sentar
na grama e ver o dia passar.

O mundo moderno nos faz correr tanto e tão rápido, que esquecemos de
questionar para onde essa "desabalada carreira" está nos levando.
Abrimos mão de curtir a viagem em detrimento a chegar ao destino o
mais rápido possível. O problema, é que nem ao menos sabemos para onde
estamos indo, aonde queremos chegar. Talvez, chegar não seja o grande
segredo da vida. Talvez, o grande mistério seja descobrir "como ir".

O céu está tão azul... Fazia uma semana que não ficava assim. Foram
dias de chuva e umidade. Dias que só nosso querido Rio Grande é capaz
de proporcionar. Dias que deixam as pessoas mais introspectivas,
sisudas. Dias de sol como o de hoje me fazem pensar no agito da Rua da
Praia estas horas. Passos de pessoas apressadas, vendedores de lojas
ecoando promoções pelas paredes dos edifícios. O Centro pulsando firme
novamente, sem o emaranhado de guardas-chuva estragando a circulação,
e os olhos de alguns transeuntes.

Merecíamos um dia de folga em dias como o de hoje. É impoderável estar
em um escritório fechado, inundado de ar (condicionado), falando sobre
rumos que não são os nossos, enquanto a luz do dia que transcorre lá
fora nos convida, insistentemente, a comprar o bilhete para seu
espetáculo sensacional, feito de sons, cores, luzes.

Tenham todos uma ótima sexta-feira.

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