quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Opiniões e Falácias

Como é fácil dar opiniões! Chego a essa conclusão após ouvir diariamente, milhares de pessoas que se julgam capazes de tecer longas resenhas, opinando sobre os mais diversos assuntos, sem se preocupar se suas afirmações são embasadas e construídas de maneira lógica, ou apenas fantasias, falácias sem qualquer profundidade.
 
Citarei dois exemplos com que me deparei nos últimos dias. Notem: Apenas desejo expressar minha opinião pessoal, sem querer ferir ninguém com tais afirmações. Portanto, não tentem me processar. Os citados abaixo tem todo o direito de rebater minhas colocações neste, ou em qualquer espaço em que julgem convenientes, desde que seja de maneira a engrandecer o debate, e não pelo simples sentimento de "ego ferido", característico daqueles que não conseguem conviver com a crítica.3
 
O primeiro deles é um economista chamado Gustavo Ioschpe. Cursou duas graduações, publicou centenas de artigos, publicos livros, fez uma séria na Globo (bah) sobre a educação. Sensacional, correto? Quem sou eu para questionar um cara como esse gabarito todo, não é  mesmo? Simples. Sou fruto do ensino público desse país. Estudei durante toda minha vida em escola pública e digo, sem medo de errar: o sr. Ioschpe jamais colocou os pés em uma escola pública, seja para lecionar, seja para estudar o modelo!
 
Com que direito o sujeito diz que os professores não são mal-remunerados e sim, apenas bebês chorões, que só sabem reclamar sem motivo aparente. Oras, sr. Ioschpe! Não faço idéia de quanto o sr. fatura por mês, mas, certamente, quando citamos sua remuneração, falamos em algo na casa dos cinco dígitos (ou mais) não é mesmo? Então, com que conhecimento de causa o sr. julga que receber R$ 1.000,00 (na melhor das hipóteses), supre as necessidades do educador, que se obriga a trabalhar em três turnos, além dos seus finais de semana destinados a correção de provas e desenvolvimento de planos de aula? Se bem sei e tenho conhecimento de sua família através das colunas sociais, a quantia paga para um professor da rede estadual por sua jornada, o sr. gasta rapidamente em um jantar em locais como o Fasano. Por isso reitero: Como o sr. se julga capaz de avaliar essas questões financeiras, se o  dinheiro tem outro valor para o sr.? Sinta-se a vontade para nos responder essas questões.
 
O segundo caso que quero citar, é de uma pessoa que admirei por um tempo, pois suas opiniões sempre fortes, como que se enfrentasse a tudo e a todos, serviam direitinho para minha rebeldia adolescente. Mas hoje, só me soam como galhofas, de alguém que se transveste de Dom Quixote, e que tal como a história, fere mortalmente com sua espada, alguns moinhos de vento perdidos pelo mundo, lutando por ideais que já não fazem mais sentido para quase ninguém.
 
Venho ouvindo a Band News FM diariamente no meu caminho até o trabalho e, cada vez mais me surpreendo com a figura insana de Ricardo Boechat, que dispara, diariamente, contra tudo e contra todos, sem medidas ou critérios aparentes, apenas pelo estranho prazer de falar mal de alguém.
 
Sinceramente, só critique alguém se tiver a capacidade de fazer algo melhor! Muitas das vezes, quase concordo com seus rompantes. Mas sempre chega em um ponto onde a razão se vai (juntamente com minha paciência!), e o nobre comunicador passa a atirar como se fosse uma metralhadora descontrolada, que atinge qualquer alvo que cruza seu caminho. Sr. Boechat, não é assim! O sr. é formador de opinião e, por isso, deveria medir, nem que seja um pouquinho, o que vai dizer em seus comentários. Lembro-lhe que o Brasil, apesar de estar melhorando com relação a ele mesmo, ainda possui uma imensa gama de pessoas que passaram a vida toda tendo seus pensamentos construídos por outras pessoas. E por conta disso, estarão sujeitas a assumir suas opiniões como verdades absolutas! Cuidado Boechat!
 
Claro, sei que temos o direito e o dever de reclamar. Em faço isso o tempo todo! Mas tudo é uma questão de forma. Ir para um microfone, chamar pessoas de mal-caráter, ladrão, ou um sem-fim de adjetivos pejorativos, sem se preocupar se são verdadeiras as acusações, é no mínimo, uma atitude temerária! Eu que não queria trabalhar no departamento jurídico da Band. Imaginem a quantia de processos de calúnia que devem chegar diariamente por conta dos ataques do jornalista em questão?
 
Bem, espero não ser mal interpretado, apenas queria propor através desses exemplos, que as pessoas exercitassem seu poder de crítica (ou auto-crítica). Que, se vão concordar com o Sr. Ioschpe ou com o Sr. Boechat, o façam por se tratar de uma afinidade de raciocínio, e não pela falta dele.

Um comentário:

La loquilla disse...

Excelente! Concordo plenamente contigo! Abração