terça-feira, 16 de outubro de 2012

Viagem

Acho viagens de ônibus uma das coisas mais bacanas que existe. Em parte, devido um certo temor que tenho de aviões. Não é pânico, como alguns casos que conheço. Quando é necessário, pego avião. Mas isso me deixa em um estado de tensão que poucas coisas na vida são capazes de me causar.
Independente disso, a visão da estrada e da paisagem passando pela janela, me transmitem uma calma que a vida cotidiana quase nunca é capaz de proporcionar.
No transcorrer do trajeto, os pensamentos parecem voar junto ao asfalto da rodovia. Nada pode alcança-los. O que antes eram ruídos de trânsito, pessoas e dores da cidade, transformam-se somente no barulho suave do motor, juntamente com o som do atrito dos pneus na pista.
Mais uma olhada, e só o escuro lá fora, quebrado vez ou outra, por um outdoor, que nem ao menos consigo saber sobre o que é. Prefiro a noite e a escuridão. Não por precisar me esconder, não se trata disso. É que, tenho a impressão, que é no vazio do escuro as vaidades e os medos somem. Somos quem somos no breu.
Viajar de ônibus me traz boas lembranças. Mas, diferentemente dos que podem pensar que se trata do passado, são lembranças do presente. Quem sou e o que deixei para trás. São as memórias de o que me fará voltar, ou quem me fará voltar.
Continuamos firmes na rodovia. As árvores parecem despedirem-se, tristes. Pois elas permanecerão ali, imóveis, pela eternidade. Eu não. Eu serei eterno, mas sigo meu caminho, e logo poderei voltar.

Nenhum comentário: