quarta-feira, 22 de maio de 2013

Porque escuto música...

Acredito que gosto musical seja uma das particularidades mais estranhas de qualquer pessoa, pois é possível fazer combinações infinitas, de milhares de coisas que, aparentemente, não possuem qualquer ligação e fazem pouco sentido.
O playlist de uma pessoa pode dizer muito sobre sua personalidade. No meu shuffle, por exemplo, predominam músicas velhas, salvo algumas exceções, como os discos "Wasting Light" do Foo Fighters e "Saturday Nights and Sunday Mornings" do Counting Crows. Não que eu carregue grande orgulho nisso. Apenas, tenho dificuldades em me emocionar com os lançamentos ocorridos nos últimos dez anos, sabe-se lá por qual motivo.
Uma das razões que identifico como plausível,  é o fato que boa parte do meu playlist é formado pelas músicas que aprendi a gostar por causa do meu pai. É engraçado, e para alguns 'estranho, um cara de trinta anos ouvir Beatles e Chico Buarque com naturalidade. Nestes exemplos, é clara a influência do "coroa", já que estes dois artistas eram figurinhas fáceis em sua coleção de discos, na qual eu garimpava incessantemente, em busca de "novas" sensações.
Pelos discos do meu velho, descobri quem eram Led Zeppelin, Sweet, Suzi Quatro e outros menos votados do rock progressivo dos anos 70, bem como pude me emocionar com Lamartine, Cartola, Noel, passando pela politica de Gilberto Gil, Caetano e, até mesmo, encontrar o 'ouro' nos discos do Benito ou dos Secos e Molhados.
Obviamente, principalmente na adolescência,  os amigos também tiveram papel marcante na formação de meu repertório musical. Por exemplo, lembro claramente da primeia vez que ouvi Nirvana. Um colega do colégio comprou uma fita K-7 e a levou para a educação física,  que contava com um rádio, na época.
Eu era muito novo, e ainda não tinha muito a noção da proporção das coisas. Também, não sabia uma palavra sequer em inglês. Mas me recordo que, aos primeiros acordes de "Smells Like a Teen Spirit", todos no pátio começaram a pular e esbarrar uns nos outros. Não fazíamos ideia que aquilo que estavamos ouvindo se tornaria um verdadeiro hino da nossa geração.
Meus amigos também me apresentaram Offspring, Metallica, Green Day e uma porção de 'venenos', daqueles que dopam, mas não matam.
As rádios comerciais - ou nem tão comerciais, como no caso da Ipanema - se encarregaram do restante da miscelânea musical que hoje forma minha coleção de cds, dvds e arquivos digitais.
Cada fração desta fórmula confusa, forma meu playlist atual. Eclético, porém, não aquele ecletismo que considero prostituído, onde se ouve qualquer coisa, mas pouco realmente é entendido. Meu conceito de ecletismo é ouvir muitas vertentes, porém, sem esquecer do principal: conteúdo.
Aos que escutam qualquer coisa e se auto-intitulam ecléticos, recomendo que ouçam o som de uma descarga de banheiro, ou o escapamento de uma moto, afinal de contas, pelo jeito, não fará a menor diferença.

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