terça-feira, 30 de junho de 2020

Dark - um fim como deveria ser

Tropecei na série Dark quase por acaso. Em uma daquelas noites insones há cerca de dois anos, 'zapeando' no Netflix, me deparei com ela ali, sem muito alarde e pompa. A sinopse despertou minha curiosidade, pois entendi que poderia haver algo a mais naquela série, além do fato de que se tratar de algo produzido na Alemanha, o que era inédito para mim.
Confesso que ao longo dos episódios, em alguns momentos, não pude me furtar de pensar em outra famosa série que esbarrei pouco mais de 16 anos atrás: Lost. 
Fui introduzido no mundo das séries por Lost. Lembro como se fosse hoje do episódio 'Pilot'. Nunca havia assistido - até aquele momento - algo que me arrebatasse tanto e tão rápido. Ao final daquele episódio de pouco menos de uma hora, eu tinha certeza de que estava diante de algo novo que marcaria época. 
E foi assim nos anos seguintes: episódios como "A Tale of Two Cities", "White Rabbit", "Man of Science, Man of Faith" trago comigo até hoje, presos na retina. A escotilha de Desmond, o barco da Penny, a "peruca" do Locke, a redenção do Charlie.
Além de ser o primeiro seriado que acompanhei desde o início, foi minha primeira experiência com algo multiplataforma. Decifrei os 'easter eggs' no site da Oceanic Airlines, catei os vídeos da Hanso Foundation na internet, e fiz os desafios online que ora ou outra surgiam nos fóruns de discussão e nas páginas do falecido Orkut.
Mas Lost se 'perdeu' (tudumtss). Não sei bem precisar quando, mas arrisco dizer que foi na oportunista tentativa de alongar a série por tempo maior que o previsto originalmente. Às pressas, personagens surgidos do nada tomavam tempo de tela, em histórias que começavam e terminavam, e que em nada agregavam para sabermos sobre a Iniciativa Dharma, sobre a Fumaça-Negra ou os ursos polares na ilha tropical. 
E quando comecei a assistir Dark, fiquei com medo, confesso. A fórmula parecia estar sendo repetida: muitas perguntas sendo deixadas pelo caminho, viagens no tempo... Já tinha visto essa história antes. Mas, surpreendentemente, não foi o que vi. No fim, meu medo foi infundado. 
A impressão que tive é que os roteiristas de Dark sempre souberam o caminho que seguiriam e o desfecho de tudo. Nenhuma oferta tentadora os fizeram querer aumentar o que já estava definido desde o início, podendo causar confusão (mais confusão, no caso) aos espectadores que, assim como eu, não alardeavam muito a série para não incorrer em no risco de serem chamados de idiota, como aqueles que foram fiéis à Lost. 
Dark não é uma série simples de assistir. Suas idas e vindas, com pulos de personagens no tempo e em linhas do tempo diferentes, com o cruzamento do mesmo personagem com seu 'eu' diversas vezes, em muitos momentos, me fazia questionar se os escritores conseguiriam desatar aquele 'nó'.
A opção deles para garantir um final bom, foi fazer o óbvio (embora o conceito de 'obviedade' em Dark não seja tão 'obvio'). Não se renderam a ideias mirabolantes e foram fiéis à narrativa. Explicaram tudo que era necessário para que quem acompanhou esses três anos de série, ao final, pudesse respirar relaxado por ter tido o resultado que esperava. Sem sobressaltos, sem invencionices. Apenas um bom final para uma boa história. Essa foi Dark. 

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