terça-feira, 17 de julho de 2012

Eleições a vista... Cuidado!

Não vi a entrevista da sra. Rosane Collor ontem. As informações que tenho, são referentes a alguns comentários no Twitter e lidas em sites de notícias. Confesso que não entendi, ainda, o que motivou essa aparição, em horário nobre, na maior emissora de televisão do Brasil.

Para quem, porventura, não sabe de quem se trata, faço um resumo sucinto: Rosane é ex-esposa de Fernando Collor de Mello, que foi presidente do Brasil de 1990 a 1992, quando, através de um processo de impeachment, foi deposto do cargo. Dentre os escândalos em que se envolveu, podemos destacar o caso da LBA - Legião Brasileira de Assistência, presidida na época, pela sra. Rosane, que era o canal de entrada de dinheiro sujo, proveniente das maracutaias, supostamente, recebido pelo ex-presidente e sua esposa.

Por não ter assistido ainda a entrevista, não me sinto capaz de avaliá-la. Entretanto, o que quero destacar, na verdade, é o comportamento da "Vênus Platinada" em épocas de eleição. Não sejamos puristas e burros de acreditar que não existe nenhum viés nesta entrevista, ou no jornalismo "isento" feito, pontualmente, em períodos eleitorais.

Vamos aos fatos. A empresa em questão tinha livre acesso aos governos militares nas décadas de 1960 e 1970, através de seu fundador, o falecido Roberto Marinho. Coincidentemente, neste período, cresceu assombrosamente, sendo alçado à primeira colocação em todas as plataformas nas quais atuava. Rede Globo, Jornal O Globo, Rádio Globo, são alguns exemplos.

Outro fato que me causa estranheza é a condição das demais emissoras da época que, simplesmente, sumiram (ou foram engolidas), mesmo sendo mais antigas e "aparentemente" mais sólidas. Claro, contaram com "lances de azar", como por exemplo os incêndios que assolaram tanto a Rede Tupi, como a Rede Record, que eram as maiores emissoras antes da escalada da Rede Globo rumo à liderança, aliadas a enorme sorte da Vênus, que sofreu menos com censura e "acidentes" em seu caminho.

Saltando um pouco no tempo, porque não falamos das eleições de 1989? Ah, essa eleição foi a mais aguardada em quase 30 anos! Afinal, era a primeira vez que muitos brasileiros teriam acesso ao voto direto, sem intermédio dos famigerados "colégios eleitorais", ou sem que o governo militar indicasse em quem o povo deveria votar, isso quando podia votar.

Eram muitos candidatos. Eu tinha 6 ou 7 anos mas me lembro do furor que cercava aquela eleição. Me lembro que meu avô e meu pai tinham em Brizola a única esperança de um futuro melhor ao país. Ele havia enfrentado os poderosos em 1961, quando os militares arquitetaram o primeiro golpe contra Jango. Ele era o mais preparado para enfrentar as oligarquias instaladas e os filhotes da ditadura, que ainda pairavam em todas as esferas do poder.

Já minha mãe, uma eterna inconformada, queria a esquerda no poder, queria Lula Lá! O barbudo pobre, de língua presa, metalúrgico, com apenas 9 dedos nas mãos era o retrato do povo brasileiro. Batalhador, sofrido. Tinha que ser ele! Lembro-me de alguns outros nomes que concorreram, como Afif, Ulysses Guimarães, Covas, Maluf (?)... e Collor... Collor?

Quem era Collor, alguns perguntavam. Os demais nomes tinham histórias, uns ao lado da ditadura, outros contra. Alguns tiveram mandatos cassados e foram exilados, ou foram torturados nos porões dos quartéis. Outros, tinham participado ativamente do governo imposto, sendo indicados a cargos, ou apenas não atrapalhando os militares em seu "projeto de governo". Mas Collor era novo. Não se sabia nada sobre ele, nem a favor, nem contra. Ele tinha um jingle bacana: "Chegou a hora de acabar com os marajás, oh Collor!". O Brasil precisava de algo novo, tinha esperança e voz, após 25 anos de silêncio forçado.

Collor tinha a cara que o país precisava mostrar ao mundo após a queda da "máscara de ferro" da ditadura. A Vênus Platinada, que não é boba nem nada, viu em Collor a possibilidade de forjar um herói que salvaria o país do atraso, venderia muitos jornais e daria muitos pontos no Ibope. Abraçou-o, com unhas e dentes, fazendo dele o novo presidente da república.

Aos que não acreditam na participação da Globo na campanha de 1989, façam uma pesquisa rápida no Youtube ou no Google, sobre os debates realizados na emissora. Se tiverem a oportunidade, assistam ao menos o do segundo turno, contra Lula. Não há a menor possibilidade de não perceber o total direcionamento dado nos tais debates.

Portanto, aos que não entendem o "porque" da entrevista da sra. Rosane Collor, tenham uma certeza: nada é feito por acaso quando se trata da política brasileira. Lembro-lhes que é ano de eleição, o que, por si só, já é motivo de sobra para desconfiar de "movimentos estranhos". E, após este histórico que coloquei acima, que não é segredo para quase ninguém, me dou o direito de questionar quase tudo que me é imposto pela mídia, hora imparcial, hora sem memória.

Antes de encerrar, quero apenas esclarecer uma coisa: tudo que está disposto neste texto, é uma opinião pessoal. Não trata-se de uma acusação formal ou algo do gênero, até mesmo porque não o baseei em investigações profundas ou qualquer coisa que o valha. São apenas idéias que me ocorreram, embasadas, em grande parte, às minhas aulas de história e alguns livros que li durante minha vida. Para acusar alguém, é preciso possuir provas, o que não possuo. Pensem neste texto mais como uma "colcha de retalhos históricos", extremamente tendenciosa, pois toda a opinião o é.

Não tenho a pretensão de publicar alguma verdade absoluta. Apenas acredito que todos nós temos o direito de ter opinião formada sobre temas soberanos. A constituição aprovada em 1988 nos atribui este direito. Portanto, tento usá-lo da melhor maneira possível, mesmo que seja desconfortável, para alguns, entender o que digo.

E para estes, sugiro que continuem olhando a novela, pois não há a menor possibilidade de que vocês entendam o que eu disse aqui. Aliás, se tentarem interpretar alguma coisa que escrevi neste post, possivelmente, vão fazê-lo de maneira errada, pois acostumaram-se a consumir pensamentos prontos. Não posso exigir-lhes que pensem fora caixa, nem pretendo.

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