sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Em algum lugar, não muito longe daqui... (Parte XVI)

Colocou-a sobre a mesa, sentada, enquanto ele permaneceu de pé na sua frente. As pernas dela pareciam cobras, entrelaçadas nas dele puxando seu corpo para perto, formando uma espécie de arco, onde os quadris se encaixavam perfeitamente.
Seus beijos eram entrecortados pelo arfar causado, principalmente, pela respiração veloz decorrente do desejo, que ardia cada vez mais em seus corpos. Outro fator preponderante para haver toda aquela excitação no ar, pelo menos para Pedro, era o fato de que aquela noite era inusitada demais, incluindo o fato dele encontrar-se de pé, na cozinha da pousada, prestes a transar com uma pessoa que conhecera há pouco mais de duas horas. Era, sem sombra de dúvidas, a coisa mais insana que já tinha feito em toda a sua vida.
Suas mãos, suas pernas e suas bocas mantinham um contato incessante e voraz, em um movimento sincronizado, uma dança sensual, que não precisava de música, pois a melodia já era conhecida profundamente pelos dançarinos.
Repentinamente, Ana segurou o rosto de Pedro com as duas mãos, afastando-o do seu. Apesar do breu, Pedro enxergava nitidamente os olhos brilhantes de Ana, que fitava-o fixamente.
“- Que foi, Ana? Por que está me olhando assim?” disse Pedro, sem entender.
Após breve silêncio, ainda o olhando no fundo dos olhos, ela dispara:
“- Pedro, diga que me ama!”
Ele entreabriu a boca, estupefato e confuso, por conta do que Ana acabara de lhe dizer.
“- O... o que? Como assim, dizer que te amo?”
“- Vamos Pedro, diga que me ama! Diga logo, Por favor?”, suplicou Ana, com os olhos arregalados.
Como Pedro poderia ama-la? Nem a conhecia, oras! Sabia que seu nome era Ana, apenas isso. Amiga do Chico, que legal. Mas amar, em tão pouco tempo? Como seria possível?
Mas naqueles segundos em que via seu rosto tão alvo e lindo e sentia suas mãos pequenas e macias lhe tocando, poderia Pedro não ama-la? Afinal de contas, o que era o amor mesmo? Pedro não sabia ao certo. Talvez ele não soubesse exatamente do que se tratava esse sentimento tão comentado, mas sentido apenas por alguns sortudos.
Tinha consciência de que amor não era igual àquela coisa melosa das novelas que assistia com sua mãe, depois do jantar. Tampouco, se aproximava daquelas histórias que lia nas revistinhas de “sacanagem” que seus primos mais velhos lhe emprestavam.
Comoveu-se com o pedido daquela menina de cabelos avermelhados, que lhe parecia tão singela e desprotegida naquele momento. Se ela queria amor, claro que poderia ama-la! E quem não amaria? Se amor fosse essa sensação de querer estar ali ao lado dela, em detrimento a estar em qualquer outro lugar do mundo, por que não seria amor?
“- Ana, eu te amo! Te amo loucamente! Te amo demais!” disse Pedro, com convicção.
Com lágrimas escorrendo pelo rosto e um sorriso de alívio, Ana disse:
“- Obrigada, Pedro! Eu acredito em você!”, tornando a beija-lo nos lábios.
(Continua...)

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