terça-feira, 20 de agosto de 2013

Em algum lugar, não muito longe daqui... (Parte XVII)

Amaram-se como loucos naquela noite. Primeiro, sobre a grande mesa da cozinha. Depois, Pedro a tomou nos braços e foram para o pequeno quarto. Amaram-se como se fossem dois amantes de longa data. Seus corpos possuíam uma sintonia impressionante. Pedro, simplesmente, não conseguia deixar suas mãos longe da superfície da pele branca de Ana que, por sua vez, parecia conhecer todas as nuances da arte do prazer, enlouquecendo-o cada vez mais.
Já passavam das cinco da manhã quando Pedro, extasiado, deixou-se cair para um dos lados de sua cama de solteiro, num misto de êxtase e cansaço, que misturados com as altas doses de álcool consumidas naquela noite, o tornaram uma figura imprestável.
Ana aninhou-se entre seus braços, como se estivesse buscando por um esconderijo, um lugar seguro para viver aquele momento de pura intimidade e ternura. Nos corpos quentes, era possível observar alguns resquícios do amor que acabaram de praticar. Gotículas de suor exalavam de seus corpos incessantemente, escorrendo por toda a extensão de suas costas.
“- Gostou?”, perguntou Ana, com um sorrisinho no rosto e um ar de infantilidade na voz.
“- Se gostei? Nossa! Não tenho nem palavras para descrever. Só sei o quanto minhas pernas ainda estão ‘bambas’ depois desta maratona!”, falou Pedro, em um tom divertidamente cansado.
“- Eu também gostei. Mas não pense que foi só por causa do sexo. Foi por todo o contexto sabe? Parecia que já nos conhecíamos antes. Senti-me protegida e amada por você. Essas coisas não tem como fingir. Foi a melhor noite da minha vida, Pedro.”, proferiu Ana, lhe dando um beijo maroto nos lábios,  ao fim da última frase.
Pedro ficou acariciando os cabelos de Ana e respirando o ar que vinha deles, pois a cada movimento que fazia, seu perfume lhe atingia as narinas. Ana, por sua vez, ficou acariciando seu braço, entretida com os pelos que o cobriam e absorta em seus pensamentos, que pareciam distantes, àquela altura.
Decorrida aproximadamente uma hora, ainda mergulhados no mundinho de Ana e Pedro, chegou o momento que os dois não podiam evitar, mas que não pareciam muito dispostos a aceitar:
“- Pedro, preciso ir.”, disse Ana, com ar de pesar, como se aquilo não fosse o que realmente gostaria de fazer.
“- Você precisa ir mesmo? Não quer ficar um pouco mais? Espera amanhecer, quem sabe?”
Ana soltou um riso triste, fitou Pedro e disse:
“- Não posso mesmo. Sou meio vampira, sabe? Só posso andar na calada da noite. A luz do sol pode me fazer mal”.
Pedro preferiu não insistir. Ao invés disso, começou a vasculhar o chão do quarto em busca das peças de roupa que estavam espalhadas por todo o lado. A seguir, vestiram-se e foram para a porta da pousada.
“- Quer que eu chame um táxi para você?” perguntou Pedro.
“- Não precisa. Vou ligar para um taxista que conheço, para ver se ele ainda está trabalhando numa hora destas.”, respondeu Ana, apanhando um aparelho celular na bolsa e se afastando um pouco de onde permanecia Pedro.
Passados alguns minutos, ouviu-se o toque de uma buzina. Ana agarrou Pedro pelo pescoço, puxando-o em sua direção e lhe deu um beijo ardente, a seguir.
Depois, soltou-o de maneira abrupta, virando-se em direção à saída. Abriu a porta e, antes de deixar a velha casa, lançou um olhar estranho para Pedro, dizendo:
“- Nos vemos por aí, meu príncipe!”, deixando o local e batendo a porta à suas costas.
Pedro permaneceu imóvel no hall de entrada da pousada. Tinha a impressão de que estava acordando de um sonho maravilhoso. Sentia vontade de gritar, pular, dançar. “- Que noite amigos. Que noite!”, pensou ele com um sorriso no rosto.
Porém, passados apenas alguns segundos, foi tomado de uma espécie de pânico. Girou a maçaneta da porta da pousada e correu para a rua. Entretanto, só pode ver a silhueta do táxi em que Ana estava, seguindo rapidamente pela Avenida da Azenha, em Direção à Avenida Ipiranga.
Olhou para o chão e chutou uma pedra. “- Como sou burro!”, pensou. Resignado com sua incompetência, caminhou em direção à porta da pousada, arrastando os pés, pensando como faria para vê-la novamente, pois se esqueceu de perguntar uma coisa tremendamente importante: seu maldito número do telefone.
(Continua...)

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