terça-feira, 1 de outubro de 2013

Em algum lugar, não muito longe daqui... (Parte XXVII)

“- Oi! Tu que é o famoso Pedro?“, disse uma menina baixinha, de óculos de aros grossos, com um largo sorriso no rosto, possivelmente em decorrência da travessura que acabar de aprontar.
“- Sim, sou eu. Porque tu me bateu?”, respondeu ele, com a mão em forma de concha cobrindo a orelha, que a essa altura, ardia como fogo em brasa.
“- Sou a Isabel. Na verdade, Bebel, pois Isabel me soa como nome de mulher velha!”, disse ela, fazendo uma careta ao citar seu nome de batismo, e prosseguiu:
“- Desculpa! Bati forte? Não era minha intenção!”.
“- Não, tudo bem, já passou. Mas de onde tu me conhece?” Disse Pedro, com um olhar desconfiado.
“- Foi o Chico quem me mostrou quem tu era. Disse que tu queria falar comigo.”
Pedro ficou desconcertado. Ela era a Bebel, amiga de Ana? Aquilo era mesmo verdade? Estava a um passo de reencontrar a moça que lhe virou a cabeça em uma noite de ano novo?
“- Sim... sim! Quero falar contigo, mesmo! Preciso te perguntar uma coisa.”, apressou-se em dizer, com um tom de euforia na voz.
Bebel ostentava um copo grande de um drinque azul, com uma rodela de laranja posicionada na borda. Pedro reparou que ela era um tanto esquisita. Baixinha e com aqueles óculos com aros grossos e quadrados, que lhe lembrava Elvis Costello, incluindo um esparadrapo branco na junção entre os dois lados, possivelmente, por que aquele tipo devia machucar um pouco o nariz. Aquele formato de óculos tornava seu rosto enorme.
“- Queria te perguntar se tu conhece a Ana?”, retorquiu Pedro, falando um pouco mais alto do que estava acostumado, devido ao enorme barulho do recinto.
“- Quem?”, gritou Bebel, em resposta.
Pedro, que não gostava nem um pouco de repetir uma frase, bradou:
“- A-N-A! Sabe? De cabelos vermelhos! Preciso falar com ela!”, em um tom impossível de não ser ouvido por qualquer um em um raio de 3 metros de onde estavam.
Bebel Deu um passo para trás e começou a olhar Pedro com um ar de curiosidade, enquanto sorvia o liquido azul do copo. Após alguns instantes, deixou o drinque sobre uma mesinha que ficava ao lado, puxou-o pelo braço, para que sua cabeça ficasse mais próxima a seus lábios e, ao chegar bem perto do ouvido de seu interlocutor, falou:
“- Pedro, você me parece um cara legal. Fui com a tua cara e tal, mas é melhor tu saber desde já que ninguém encontra a Ana. Se ela quiser – e só se ela quiser – é ela quem vai te encontrar.”, soltando esta última frase retomando seu copo sobre a mesa e saindo, a seguir, rumo ao banheiro feminino.
(Continua...)

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