quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Em algum lugar, não muito longe daqui... (Parte XXVIII)

Pedro ficou lá, estático, em meio ao salão cheio. “Como assim, ela me encontra?”. Não sabia bem como agir, ou o que dizer. Decorridos alguns segundos, percebeu que ficar parado ali não era a melhor solução para alguém que precisava de respostas.
Atravessou a pista de dança e posicionou-se ao lado da saída do banheiro feminino. Aquela Bebel teria que lhe dizer algo a mais. Não podia ser só isso! Precisava de uma informação mais completa, senão, corria o risco de nunca mais encontrar Ana.
Bebel, ao sair do banheiro, assustou-se quando viu aquele vulto ali posicionado, quase na porta, com cara de zangado.
“- O que foi?”, disse Bebel em um tom blasé.
“- Preciso de mais respostas!”, agora, falando de maneira um tanto ameaçadora.
“- Vamos ali fora, preciso fumar um cigarro!”, resignou-se a dizer Bebel.
Ao chegarem à área de fumantes, que nada mais era do que um cercadinho, localizado em frente ao bar, Bebel explicou a Pedro que Ana era uma menina confusa. Que aparecia e desaparecia com a mesma facilidade e, por isso, era mais sensato esperar que ela o procurasse. Na verdade, segundo Bebel, era bem provável que Ana nem ao menos se lembrasse dele, pois era uma pessoa impulsiva e que só olhava para frente.
Mesmo assim, Pedro não se convenceu que deveria desistir. Questionou, novamente, como poderia encontra-la.
Após um longo suspiro de desaprovação, Bebel explicou que não daria o telefone de Ana a um “desconhecido”. Mas que, se ele quisesse, elas haviam combinado de tomar um chimarrão no Parque da Redenção, domingo à tarde.
Porém, alertou-o com veemência de que, em nenhum momento, poderia garantir que ela seria simpática, ou retribuiria a atenção dispensada por ele. Pelo contrário, tinha quase certeza de que Ana o ignoraria solenemente, como ela já vira acontecer diversas vezes com outros caras.
Pedro não escutou nenhum dos alertas que Bebel lhe deu. Pensava apenas na angústia que seria esperar até domingo para vê-la novamente. O que lhe diria? Ela se lembraria dele? Enquanto viajava em seu mundo, Bebel lhe estendeu o maço de cigarros, oferecendo-lhe. Ele não pensou, apanhou um, posicionou no canto da boca. Ela, prontamente, estendeu o isqueiro em direção a Pedro, acendendo seu cigarro.
Oh, Ana! Finalmente! Poderia revê-la! Aguardaria ansiosamente aquele domingo. Malditos dias que teimam em passar vagarosos quando precisamos que voem! Vamos, tempo! Me leve diretamente para o dia de Ana!
Envolto em seus devaneios, Pedro deu uma longa tragada no cigarro. Logo em seguida, passou a tossir desesperadoramente. Arrancou o cigarro da boca com raiva, atirando-o ao chão. Lembrou-se, tardiamente, que jamais fumara em toda sua vida.
(Continua...)

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