sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Resposta à Revista Placar

Contextualizando: Esse é um texto que enviei para a revista Placar, em resposta ao texto "Não é a 1ª vez que a torcida mais racista manifesta sua estupidez". Leiam com atenção para não interpretarem levianamente. É apenas uma opinião (entre tantas já emitidas). Discuto tranquilamente o tema com quer que seja, desde que com fundamento e sem agressão.
Feito! Abç!
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Prezados, boa noite,

É consternado que faço este contato. Consternado com o estapafúrdio texto publicado por esta revista, tachando a torcida do Grêmio FootBall Porto Alegrense de "A Torcida Mais Racista do País".
Antes de mais nada, quero salientar que vivemos em um país racista. O Brasil, historicamente, segrega sua população, seja por raça, credo ou nível social. Segregar é intimamente atrelado com nossa história, desde seus primórdios. Índios e seus espelhos de um lado, portugueses e suas caravelas de outro.
Algumas vezes, quando estive em São Paulo, fiquei surpreso em certas ocasiões, com comentários do tipo: "deu errado, pois foi baiano que fez", ou então "esse alagamento é uma baianada do prefeito". Ao questionar um local sobre esse adjetivo, ele foi logo explicando tratar-se de uma espécie de sinônimo para "fazer porcaria" ou "mal-feito".
Então, caros, por um ou outro episódio esporádico (lamentáveis, diga-se de passagem), toda uma população será obrigada a carregar um estigma de ser o povo mais preconceituoso do país? Vocês, paulistas, se sentem no direito de marcar em nossas costas com ferro quente, por uma "baianada" que meia dúzia de imbecis acéfalos cometeu?
Pois bem, senhores, não aceito este rótulo! Não, enquanto vocês não deixarem a hipocrisia de lado. Não, enquanto enxovalham nosso quintal, mas esquecem-se de olhar para o próprio curral, para limpar essa sujeira, que é vergonhosa, porém, não é exclusividade nossa.
Sintam-se a vontade para esconder este texto, ou publicá-lo se preferirem, mas leiam e repensem um pouco essa postura que em nada combate a discriminação em nosso país, e sim, a fomenta ainda mais, junto com o revanchismo e a segregação de uma país que nunca foi, realmente, uma nação.
Os responsáveis já foram identificados e devem sim ser punidos exemplarmente. O preconceito é uma mácula que precisamos eliminar de uma vez por todas esses comportamentos incompatíveis com o mundo em que vivemos. Não quero - e não vou - compactuar com estas manifestações odiosas. Porém, não permitirei que ideias falaciosas sobre meu povo, e ainda mais, sobre minha torcida, sejam jogadas ao léu, sem o mínimo de respeito o qual, creio, sejamos sim passíveis de receber.
Reitero: Se somos preconceituosos, vocês também o são. Que o digam os milhares de gays e lésbicas agredidos todos os anos na Av. Paulista, bem debaixo de seu nariz. Pensem nisso.

Obrigado e boa noite.

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