segunda-feira, 2 de maio de 2016

Precisamos repensar algumas coisas...

A cada nova eliminação gremista, a cada novo campeonato em que não chegamos ao título, a ladainha enfadonha é repetida à risca: "tem que trocar todo mundo!", "esse treinador que não grita não tem sangue!", "esse time de jogador peladeiro, sem vontade!", e por aí vai. Sempre o mesmo discurso.

Nenhum aspecto racional é levado em consideração. Argumentos, antes válidos e bem aceitos, como o modelo de gestão adotado na presidência do Romildo, tornam-se defasados do dia para a noite, servindo como mais uma peça da engrenagem dos "quinze anos sem título". Discursinho esse, muito disseminado pelos “rivais”, e aceito sem qualquer crítica, sendo ecoado por vozes do clube a cada novo fracasso tricolor.

Não que eu não reconheça os quinze anos "sem títulos", afinal, há anos não vejo qualquer relevância ou importância no campeonato gaúcho. A conta é essa mesma e precisamos engolir o choro. E era exatamente aqui onde eu queria chegar: se tu dizes, torcedor gremista, que estamos há 15 anos sem títulos, é porque, assim como eu, não reconhece o ruralito como título. E aí rola o tal "papo de louco", que só minha torcida bipolar é capaz de estabelecer.

Um gremista que brada, raivoso, por conta dos 15 anos, não pode, sob nenhuma hipótese, ficar contrariado quando perdemos o Noveletão, pois, não se trata de um título, certo? Mas claro, tem o "doentinho da Estrela" que quer "ganhar do rival" até no par ou ímpar. Mas, de verdade, sabem o que nos custa elevar essa "rivalidade" a este patamar? A lugar algum.

Alguns de vocês, após se deparar com minha última afirmação, pararam de ler o texto. Estão me xingando, provavelmente. Me acusando de não conhecer – e, ainda por cima, desdenhar - a história do futebol gaúcho. Mas acreditem: faço tal afirmação com plena consciência e conhecimento profundo da história, não só do Grêmio, mas do futebol gaúcho.

Essa rivalidade exacerbada funcionou muito bem ao longo de todo o século XX, tenho absoluta certeza disso. Se temos dois clubes grandes em Porto Alegre, é graças a essa rivalidade, que se iniciou no dia em que os irmãos Poppe não foram aceitos como membros do Grêmio. Porém, essa rivalidade perdura - erradamente, ao meu ver - até hoje. Foi essa busca incessante por ser melhor do que o rival, que fez o Grêmio, após os títulos nacionais do coirmão da década de 1970, não só buscar a redenção nacional em 1981, como o fez romper as fronteiras sul-americanas, até chegar em Tóquio, e ao Mundial de 1983.

No início do século XXI, foram eles quem correram atrás e, com méritos, alçaram seus voos em céus nos quais já havíamos estado. A rivalidade fez estes clubes chegarem onde chegaram. Mas isso tem que acabar, pois ao invés de nos fazer crescer mais, ao contrário, atualmente, está diminuindo as discussões ao nível de vitórias em grenais e títulos regionais, como era feito há meio século. Não podemos cometer mais esse equívoco.

Não podemos incorrer novamente no erro de, por conta de um jogo do irrelevante ruralito, sermos eliminados da Libertadores, por querer jogar a vida contra o Juventude para chegar à final do "charmoso". Não podemos mais, em um ano que temos quatro competições importantes para disputar (Liga, Libertadores, Brasileiro, Copa do Brasil), nos dar ao luxo de fazer uma pré-temporada porca, para estar em 31/01/2016 em campo, para jogar contra o Brasil de Pelotas.

E percebam: nada contra os clubes do interior! Absolutamente! Mas nenhum time grande, com os custos e o profissionalismo exigidos atualmente, pode se sujeitar a isso, apenas para agradar uma Federação comandada de forma incompetente há mais de 15 anos pelo mesmo sujeito. Não podemos mais perder jogadores que custam milhões de reais, em um campeonato que não vale nem seu peso em laranjas. Jogar gauchão, hoje, no patamar em que chegamos, é quase rasgar dinheiro e jogá-lo no vaso sanitário. Não faz o menor sentido. Abrimos mão da Liga por conta do gauchão, a Libertadores está no fio da navalha, também. E para que? Nada.

E antes que me venham com a mesma "corneta" ridícula de sempre, não se trata de papo de perdedor. Quem me conhece sabe que desdenho o gauchão há muitos anos. Não posso conceber que um clube do tamanho do Grêmio sofra tantos prejuízos por um torneio que em nada agrega, só por conta de uma rivalidade ultrapassada, ou um caneco que não vale absolutamente nada, pois nem para interromper a contagem dos "quinze anos" vale. E os rivais, se forem minimamente espertos, chegarão a mesma conclusão.

Mas claro, não adianta minha voz isolada contra isso, a doença não vai terminar só por que eu quero, tenho plena consciência disso. Mas, enquanto isso, lá vamos nós perdendo jogadores, perdendo libertadores, em detrimento ao varzeano regional. E haja lenço para secar a choradeira. É dose!

 

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