quarta-feira, 20 de abril de 2016

Ter Opinião é Arriscado

A internet, em toda sua grandeza, tornou-se imprescindível na vida da maioria das pessoas, as quais eu me incluo. Confesso que nem me lembro a última vez em que não estive com um teclado nas mãos e um monitor na linha dos olhos, fazendo pesquisas, escrevendo textos, ou quaisquer outras atividades que sem a internet, simplesmente, seriam inimagináveis.

Porém, como nem tudo são flores, a internet, cada vez mais, tem sido o celeiro de atitudes deploráveis. Preconceitos, agressões, ameaças, são apenas o início de uma cadeia de ódio e intolerância que toma as redes, como um câncer que vai matando aos poucos a esperança.

Não respeitamos as diferenças ou divergências de pensamento. Não somos capazes de admitir que alguém pense de forma diversa da nossa. Pelo menos, não sem agredir e tentar desqualificar suas ideias da forma mais violenta possível. Temos essa necessidade estranha de autoafirmação a qualquer preço. O que realmente importa é o posicionamento forte sobre qualquer coisa, pois Isso, aparentemente, cria uma sensação de empoderamento, que só é equalizada pelas facilidades que a internet proporciona para a propagação de ideias.

O que antes era uma voz isolada, restrita por questões geográficas, com o advento da internet, ganhou eco e simpatizantes. As pessoas que possuem a mesma forma de pensar, encontraram-se e se identificam com facilidade. E esses pequenos grupos acabam fazendo um barulho, por vezes, ensurdecedor.

Além de unir àqueles que pensam de forma semelhante, a internet gera uma sensação de impunidade, dada sua vastidão. Quem profere uma opinião normalmente não tem rosto, não tem forma. Pode ser um simples ursinho na foto de um perfil do Disqus, ou uma foto de cachorro, um alho ou uma berinjela no Twitter.

Essa mistura de empodeiramento e covardia da internet, cria alguns monstros com os quais ainda preferimos não tratar. Os empurramos para o armário chamado de "são uma minoria", ou para o cantinho escuro do "não nos responsabilizamos pelas opiniões proferidas nos comentários do site".

Precisamos parar de tergiversar sobre isso. Não são minorias raivosas, ou ações individuais de alguns extremistas. Essas atitudes são o pensamento comum ganhando voz. Para cada hater de internet, penso que existam uns dez destes que pensam da mesma forma, e que só não expuseram suas opiniões de forma pública (ainda).

Por conta de tudo isso, tenho tentado não emitir opiniões sobre qualquer assunto. Coisa ou outra sobre futebol, mas dentro de um range que de certa forma me protege de haters e interpretações equivocadas de doentes da internet.

Cada vez menos tenho sentido a necessidade de me pronunciar sobre qualquer assunto. Eu não preciso ter um posicionamento forte sobre a extinção do pássaro cuco, ou sobre a queda das ações da Nintendo no Japão. A necessidade de mostrar para as pessoas o que penso sobre as mulheres com pelos na axila é suprimida pelo simples fato de que ninguém pediu minha opinião, tampouco julgo que minha racionalização sobre o tema faça qualquer diferença na vida de alguém. Ainda incorro no risco, caso decida dizer algo, de ser atacado por exércitos de feministas raivosas, ou por uma gangue de patricinhas de academia, enojadas pela "pelugem" que encobre a axila alheia.

Meu texto é carregado de opinião, o que parece quase contraditório, uma vez falo sobre não emitir opinião em um texto opinativo. Porém, creio que existem diferenças abissais entre um texto como o meu, com relação a textos carregados de ódio e preconceito, que vejo andando por aí. Mas faça o seguinte: se não gostou, simplesmente feche o navegador e tente não me xingar, ou responder esse texto, ainda mais se você discorda cabalmente do que eu falo aqui em cima. Vai passear, ou ler um livro. Não perca mais tempo comigo.

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