sexta-feira, 4 de março de 2016

Por que não estou feliz?

Hoje, ao acordar, nos deparamos com a notícia de que o ex-presidente Lula recebeu a "visita" da Polícia Federal, e foi "convidado" a dar uma volta com os agentes, em mais uma das infinitas fases da Operação Lava a Jato.

Li, vi e ouvi muita gente comemorando este fato, como se fosse um gol de placa do seu time do coração. Vibrando e bradando palavras de ordem em favor da ação da PF. Também, em contrapartida, assisti muitas pessoas, quase em prantos, acusando a PF, o Moro, a Globo, a NASA, e até o Obama, de estarem em vias de realizar um "Novo Golpe" contra a democracia e suas instituições.

Sendo bastante franco, não consigo ficar feliz com tais notícias. Mesmo. Saber que o Lula pode ser preso não me coloca um sorriso na face. Na verdade, isto só escancara, ainda mais, que falimos, definitivamente, enquanto nação.

Nossas instituições, sem exceção, são corruptas. Nossos líderes são corruptos. Nossos partidos são corruptos. Como posso comemorar isso?

Antes que me chamem de "Petralha" ou "Coxinha", entendam que torcer para partidos e políticos, como torcemos por nossos times de futebol e nossos jogadores, só nos deixam bitolados e burros. Não trato a política como uma partida de futebol. Este assunto é sério demais para tratá-lo de maneira tão superficial.

Sou um ávido estudante de temas ligados à política. Porém, odeio essa passionalidade com que a maioria das pessoas tratam o tema no país. Acho ultrajante a forma como as pessoas defendem aqueles que nos esbulham, só porque "torcem" para o mesmo partido.

Fazendo uma analogia, seria quase o mesmo que eu defender os atos racistas da torcedora Patrícia contra o goleiro Aranha, só pelo fato dela ser gremista. Não posso fazer isso. Porém, não me sinto feliz ou comemoro porque jogaram fogo na casa dela. São atitudes podres, de parte a parte.

Esse cenário ilustra o que o Brasil se tornou. Conseguimos deturpar completamente conceitos como democracia e política. Jogamos no lixo a luta pelas "Diretas Já" e o esforço daqueles que morreram nos porões da ditadura. E isso independe de partido político ou ideologia.

Apesar de louvável o esforço de algumas de nossas instituições para limpar um pouco da sujeira que se acumulou debaixo do tapete nestes anos todos, não posso me permitir comemorar as centenas de prisões de políticos e empresários, envolvidos em maracutaias e em pilhagens contra a nação. Pelo contrário. Estou tomado de desesperança e temor pelo futuro. Sou capaz de apostar que aqueles que realmente se preocupam com esse país, não foram capazes de esboçar o mais leve sorriso ao saber da notícia sobre o Lula, pois definitivamente, não tem com ficar feliz com isso.

 

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