quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Jair Bolsonaro e a Classe Política Brasileira

Dia 27/01, o Rio Grande do Sul foi dividido em duas porções, e não, não se tratava de um Grenal, ou da disputa entre Maragatos versus Chimangos. No citado dia, o estado foi repartido entre aqueles que concordam com os pontos de vista do deputado Jair Bolsonaro, contra os que, ao que me parece, possuem verdadeira ojeriza do tal político.

Neste texto não vou buscar estimar quantitativamente quem é contra ou favor. Estou mais interessado em tentar entender como alguém como o Bolsonaro causou tanto furor em sua passagem. Por que tanto barulho?

Bem, basta ouvir algum dos discursos do "nobre" deputado para perceber que ele adota uma linha de explanação que se assemelha ao do fascismo italiano e, utilizando um exemplo mais próximo de nós, do discurso dos militares durante a ditadura (1964-1985). Transportando suas ideias para o cenário contemporâneo, as falas de Bolsonaro estão alinhadas sobremaneira àquelas adotadas por outra figura controversa, porém americana, que é o candidato à presidência dos EUA, Donald Trump.

Tanto lá, como aqui, discursos fortes, que enaltecem a soberania nacional, a mão forte do Estado para o controle da população e que se opõem a questões como a imigração, aborto e uniões homoafetivas, tem obtido mais e mais adeptos nos últimos tempos. No caso americano, me faltam subsídios para tecer uma análise mais profunda sobre as motivações daquele povo ao apoiarem Trump. Já no caso brasileiro, ao que me parece, esse movimento é motivado muito mais pela inabilidade que nossos governantes tem demonstrado nos últimos anos.

A população brasileira está insatisfeita com a classe política e isso é inegável. A eleição do palhaço Tiririca, em um exame mais profundo, pode ser caracterizada como uma forma de protesto da população contra o cenário político atual, sem entrarmos no mérito da análise da capacidade da pessoa para assumir o posto. Essa foi mais uma demonstração clara de que o discurso dos políticos atuais já não convence mais ninguém.

Em prol de uma postura mais “militaresca”, e do mantra de não "passar a mão" na cabeça de bandidos, muitas pessoas optam por ignorar trechos do discurso do deputado, principalmente os que denotam sua evidente homofobia e xenofobia.

Diferentemente do que alguns preconizam, não acho que todos que defendam Bolsonaro sejam preconceituosos em suas vidas particulares. Muitos, possivelmente, não tenham problemas com homossexuais ou imigrantes. Entretanto, ao fazer "ouvidos moucos" para justificar seu apoio ao candidato, estas pessoas acabam tornando-se cumplices do discurso do ódio e da intolerância. Inclusive, tenho a impressão de que elas sabem dessa condição, porém, julgam que é o preço a ser pago para "retomarmos" o controle do país.

O "Bolsmito" só existe pela total ineficiência de nossos políticos. Escândalo após escândalo, Bolsonaros e Malafaias, com seus discursos segregacionistas e, por vezes, carregados de preconceito, vão expandindo seus tentáculos, muito mais pela falta de opção, do que propriamente pela afinidade de seu público com o seus discursos. 

Sinto dizer que o Bolsonaro só "existe", por que antes dele existiu um Sarney, um Collor, um Calheiros, um Lula. Tipos como estes só arrebanham simpatizantes pois muitos se sentem sem representação. E, neste caso, alguns estão preferindo apoiar uma pessoa que "aparenta" ser honesta, mesmo que junto dessa dita honestidade, venha um rol de ideias detestáveis e descabidas. Parte da população anda preferindo "ser feliz a ter razão". Triste, porém, verdadeiro.

 

Nenhum comentário: