quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Joaquim e um certo jornalista Nassif

Hoje, enquanto lia algumas notícias da internet, me deparei com um texto sobre o Ministro Joaquim Barbosa, assinado pelo Sr. Luis Nassif, jornalista, dono de um portal de notícias na rede mundial. Se não me engano, também, ele também é colunista de algum(ns) jornal(is) e/ou revista(s) conhecido(s), país afora.
No texto, o jornalista afirma, categoricamente, que o Ministro Joaquim Barbosa, do STF, jamais poderia assumir a presidência do Supremo. O que chama a atenção são os motivos pelos quais o Sr. Luis considera o Ministro incapaz de exercer a função.
Segundo ele, Joaquim "É uma pessoa emocionalmente desequilibrada, incapaz de entender regras mínimas de convivência com seus pares". Nassif, me permita: discordo totalmente de você.
Joaquim Barbosa, do alto de sua posição de Ministro, segundo o que percebo, é o único daquela casa que parece incomodar-se com os absurdos que acontecem, diariamente, em todas as esferas desta pátria. Sua postura franca, por vezes dura, sempre vem ao encontro do que é certo. Tenho a impressão que seu "descontrole", trata-se muito mais de uma manifestação que externa o descontentamento com a imobilidade e discursos brandos e monótonos que, em sua maioria, não traduzem o pensamento do povo, o qual juraram defender, como componentes da mais alta esfera judiciária brasileira.
O que o jornalista afirma ser "desequilibrio", eu interpreto como "sangue nas veias". Joaquim desceu do altar onde nossas Excelências habitam, e comporta-se como ser humano. Uma pessoa de carne e osso, que não se esconde atrás de sua toga preta e da imagem de uma balança "equilibrada", que tenta representar algum senso de justiça.
Não precisamos procurar muito na história para verificar, em quantidade beirando o escárnio, que no país do futebol, a figura de Thémis, de olhos vendados, segurando uma espada e uma balança, na verdade, só representa neutralidade e justiça em casos bastante específicos. Sua balança pende, e muito, sempre para o mesmo lado.
Garanto que essa impressão da justiça brasileira não é só minha. Ela é partilhada por grande parte da população, pois é assim que as coisas são, aqui do lado de baixo. O que Joaquim Barbosa tem feito no Supremo é tentar desprender-se da filosofia e subjetividade, que para a pessoa comum é apenas perfumaria, em uma cruzada solitária, claramente defendendo os interesses deste povo.
Se ele não tem capacidade técnica para desempenhar a função, bem, acredito que não seja este jornalista a pessoa mais indicada para avaliar. Agora, demérito por conta de seu temperamento e discurso fortes, convenhamos, me soa como brincadeira, daquelas de muito mau-gosto. Posicionar-se firmemente sobre qualquer tema, desde que de forma embasada, não é demérito, caro jornalista, é virtude, e como tal, deve ser exaltada, e não combatida.
Neste país do faz de conta, onde a imagem construída, por mais mentirosa que possa ser, é mais valorizada que a verdade de agir e pensar. Onde o "políticamente correto" (termo que no Brasil, confesso, não entendo o sentido), é sempre exaltado, mesmo que para isso, direitos básicos, como a liberdade de expressão e pensamento, sejam violados constantemente, admirar o Ministro Joaquim, por não temer dizer o que ninguém diz, só poderia ser interpretado como insanidade, por alguns setores desta sociedade.
Possivelmente são os mesmos setores que apoiaram a ARENA durante a ditadura. São os mesmos que acham absurdo legalizar o aborto, mas que não se importam se milhares de mulheres morrem, todos os anos, em clínicas ilegais. São estes que, como Thémis, usam vendas nos olhos. Mas, diferentemente da deusa, as usam apenas para não ver os assuntos que não lhe interessam. Assuntos do povo não interessam. Só interessam a Joaquim, o louco sem venda, sem medo.

Leiam o texto de Luis Nassif: http://advivo.com.br/blog/luisnassif/o-stf-nao-merece-ter-barbosa-na-presidencia

Um comentário:

Ângela disse...

Gostei! E que apareçam mais e mais Joaquins Barbosa!