terça-feira, 2 de julho de 2013

Em algum lugar, não muito longe daqui (Parte I)

Já deveria passar das 22h, quando o telefone tocou. Correu apressado para atender. Tinha estipulado um prazo, e vencia naquela noite. Não poderia mais esperar que algo fosse mudar nessa situação, afinal de contas, já tinha dado todo o tempo do mundo para que ela reagisse ao seu último bater de porta.
- Alô!
- "É da pizzaria?"
- Não, amigão. Acredito que você tenha ligado errado...
- "Ah, desculpe então!"
Decepção. Nenhuma outra palavra poderia expressar tão bem o seu sentimento naquele instante. Esperava um outro desdobramento para isso tudo. Porque tudo tem que ser assim, tão triste?
Tornou a deitar em sua cama. As paredes de seu quarto escuro, agora sendo rasgadas pelo reflexo dos faróis dos automóveis que passavam na rua, atribuíam àquele ambiente um misto de esperança e saudade. Sua mente voltava no tempo a todo instante: "- Porque as coisas não deram certo?", perguntava-se repetidamente, porém, sem nenhuma resposta.
Uma espécie de medo começou a lhe invadir, como se fosse uma onda de frio que subia desde seus joelhos, atingindo diretamente a boca do estômago e, simultaneamente, fazia disparar seu coração, cada vez mais descompassado. A simples ideia de que, talvez, tenha cometido o mais grave erro de sua vida, lhe perturbava sobremaneira. Essa sensação martelava em de sua cabeça, não lhe deixando dormir.
Queria poder não pensar mais nisso. Fazer de conta que não ligava, que não dava bola a tudo isso, afinal de contas, foi ela quem quis assim. Ele lhe disse diversas vezes que, ou as coisas mudavam, ou ele se mudava. Falou uma, falou duas, falou três vezes. Mesmo assim, ela não parecia se importar com suas ameaças, ou simplesmente, não podia mudar as coisas.
(Continua...)

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