quinta-feira, 25 de julho de 2013

Em algum lugar, não muito longe daqui (Parte IX)

A luz do sol já irradiava no quarto quando Pedro abriu um olho, depois o outro e, com alguma dificuldade, tentou focar sua visão. O outro lado de sua cama, como já imaginava assim que se viu desperto, estava vazio. Ana já não estava mais deitada ao seu lado.
Puxou o travesseiro onde ela dormiu e aspirou, lentamente, aquele aroma deixado por seus cabelos avermelhados. Aquele perfume, ao mesmo tempo tão bom, causava-lhe uma dor terrível na alma. Sentia-se órfão, renegado por sua amada e, ao mesmo tempo, tinha a impressão de que, na realidade, nunca a tivera de verdade.
Pegou seu telefone celular e verificou que havia passado muito do horário em que ele habitualmente acordava. Certamente, esta seria mais uma ótima oportunidade de ouvir o sermão de seu chefe, insistentemente proferido, em cada uma das inúmeras vezes em que ele dormia mais que a cama.
Já fora ameaçado de demissão diversas vezes, e isso já não lhe causava mais qualquer sentimento. Na verdade, achava repugnante aquele emprego mequetrefe e aquele sujeitinho que o tempo fez questão de esquecer naquela livraria, como forma de castiga-lo, possivelmente, por alguma coisa terrível que fez em seu passado distante. Porém, como se tratava de sua única fonte de sustento, resignava-se com nesta situação.
(Continua...)

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