quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Em algum lugar, não muito longe daqui... (Parte XIV)

Pedro tomou um susto com aquele gesto. Gostou de Ana desde o momento em que a viu e isso não era motivo para discussão. Entretanto, não era acostumado com aquele tipo de situação em que a mulher assumia as rédeas das ações. Como rapaz interiorano que era, tinha o costume de ser o responsável pelos primeiros avanços em suas relações amorosas.
Porém, ao sentir os lábios quentes e carnudos de Ana tocando os seus, bem como a língua, que agilmente encontrou a sua, esqueceu-se de qualquer pré-conceito que, porventura, tivesse.
Nossa! Como aquele beijo era lascivo, vibrante e fazia com que despertassem seus instintos mais primitivos. Seu corpo, respondendo rapidamente aos instintos, foi invadido por ondas de calor, tão fortes que lhe faziam suar e tremer ao mesmo tempo.
Tinha a impressão de que aquele momento mágico parecia não fazer mais parte do tempo e espaço comum aos simples mortais. Ali parado, de olhos fechados, tinha a impressão de valsar na Lua, em uma dança nunca vista, como um casal de deuses, alheios àquela humidade podre e deprimente.
Essas pessoas enfadonhas que os cercavam jamais compreenderiam o que aquele momento significava. Ele, sim. Ele era parte integrante disto. Era ele quem beijava aquele anjo caído das nuvens, que lhe surgiu em uma noite de natal, tal uma estrela cadente. Seria ela a estrela guia dos reis magos, realizando novamente seu milagre, o guiando diretamente desta terra para as nuvens?
Foi arrancado repentinamente de suas ideias estapafúrdias pelo som da voz de Ana, quando ela disse, sussurrando, ao pé de seu ouvido:
“- Pedro me leva embora daqui!”
(Continua...)

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