quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Em algum lugar, não muito longe daqui (Parte XIII)

“- Como... como assim???” balbuciou Pedro, com alguma dificuldade.
Ana rasgou a noite da Cidade Baixa com uma gargalhada espontânea, extremamente alta, que fez com que alguns transeuntes olhassem para o casal com olhares de desconfiança e curiosidade.
Após o riso, explicou-lhe que se tratava apenas de uma brincadeira e que não precisava ter medo, pelo menos não naquele momento. Aquele jeito de “moço do interior” de Pedro causava em Ana algo que não sabia ao certo explicar. Um misto de graça e encantamento estava tomando seus pensamentos a cada minuto que passava ao lado daquele rapaz de voz mansa, que lhe contava sua nada emocionante história de vida.
O jeito imaculado de Pedro a fez lembrar quando ainda acreditava nas pessoas e se preocupava com elas. Ela já foi uma pessoa melhor, pensou. Quando foi que ela tinha perdido de vez a esperança?
O álcool que, a essa altura, lhe deixava desinibida e pulsava em suas veias, passando por sua corrente sanguínea, rompia todas as possíveis barreiras que eventualmente poderiam permanecer em seu cérebro.
Ela se apaixonou por Pedro, concluiu. Nunca havia visto ele antes daquela noite, sabia muito pouco sobre ele, tudo estava muito confuso e rápido demais. Mas apaixonou-se loucamente. Adorou o jeito, a voz, o toque, a ingenuidade. Não conseguia parar de pensar naquele sorriso envergonhado que por vezes Pedro deixava escapar. Desejava coloca-lo em seu colo e protege-lo de tudo que poderia ferir seu coração puro e manchar sua alma.
Deu um último grande gole na cerveja, colocou a garrafa vazia no parapeito de uma vitrine de uma das lojas localizadas na base do edifício onde estavam e, sem pensar em mais nada, tomou o rosto de Pedro entre as mãos e beijou-o tenramente, como há muito tempo  não beijava ninguém.
(Continua...)

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