terça-feira, 17 de setembro de 2013

Em algum lugar, não muito longe daqui... (Parte XXIII)

Com medo de ser visto pelo casal, Pedro voltou apressadamente para sua mesa. Escondeu-se atrás de um cardápio que ali estava. Precisava sair dali. Seu coração, agora, batia descompassado pelo medo e, mais ainda, pela tristeza. Não entendia o motivo daquele sentimento, afinal de contas, eles só haviam se visto na noite de natal e até onde lembrava, ela não lhe falara nada sobre sua vida pessoal, muito menos sobre namorado e afins.
Ficou observando o casal espiando sobre o menu, que posicionou estrategicamente a sua frente. Percebeu que havia intimidade ali, pois eles estavam de mãos dadas sobre a mesa, rindo e conversando animadamente. Tinha a sensação que a cada risada que ouvia, um punhal atravessava seu coração, tornando-o menor e lhe causando uma dor lancinante.
Ao ver Chico entrar no bar, alguns minutos depois, pensou que ele poderia lhe ajudar a escapar da humilhação de ter que encarar Ana com outro cara. Não sabia ao certo porque estava tão incomodado, só sentia aquela dor que parecia ferir sua alma e lhe fazia desejar chorar como há muito não fazia.
Ficou acompanhando a entrada de Chico, aguardando o momento de fazer um sinal escondido, para que ele pudesse lhe ver. Porém, para sua completa surpresa - e pânico -, viu que ao passar pela mesa onde estava o casal, Chico abriu um largo sorriso, cumprimentando-os demoradamente.
Sentiu vontade de arrebentar a cara de Chico. Que belo amigo da onça estava se saindo! Mas ele ia ver uma coisa. Como aquele imbecil falava com eles de maneira tão natural e alegre, mesmo sabendo que Pedro passou os últimos dias pensando incessantemente nela?
Porém, o pior ainda estava por vir. Chico virou a cabeça em direção às demais mesas do bar e, quase imediatamente, identificou que era Pedro quem estava atrás do cardápio. Ao que parecia, comentou com o casal que estava ali para encontrar um amigo. Ao notar que a moça se virou para olhar para trás, abaixou-se, para que não pudesse ser visto.
Suas mãos começaram a suar litros. Pensava o porque de não abrir um buraco no chão para esconder-se. Amaldiçoou sua ideia de ir tomar aquela cerveja com Chico naquele bar. Amaldiçoou o dia em que Ana entrou em sua vida. Tinha medo da morte, mas até ela, não lhe parecia tão ruim agora.
O desespero tomou conta de sua mente de vez, quando ouviu de longe a voz de Chico a chama-lo: "Hei, Pedro! Vem cá! Quero te apresentar uns amigos meus! Pedro?!".
Pedro começou a olhar no entorno, porém, não havia rota de fuga, não tinha escapatória. Começou a ofegar, possivelmente prevendo o que aconteceria a seguir.
Ouviu as vozes de Chico e do casal se aproximando de sua mesa. Não poderia mais fugir, teria que enfrentar aquela situação. Respirou fundo algumas vezes e tomou mais um gole da cerveja. Chico estava trazendo-os para "apresenta-los" e não havia mais nada que Pedro pudesse fazer para escapar.
(Continua...)

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