quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Em algum lugar, não muito longe daqui (Parte XXX)

Já passava das 16h e Pedro permanecia sentado sob a mesma árvore há duas horas. O parque estava no auge de seu movimento costumeiro de domingo. Punks com garrafões de vinho, pais e filhos e grupos de jovens, andavam de um lado para o outro, como uma legião de mortos-vivos, vagando sem saber ao certo o motivo.
Pedro gostava da Redenção, mas não conseguia entender o porquê de todas àquelas pessoas estarem ali também. Quando ia, normalmente, levava uma garrafa térmica e seu chimarrão, procurando uma sombra a seguir, a fim de acomodar-se e apreciar o dia. Se estivesse com Chico, ou algum colega da Federal, usava aquele período para trocar experiências. Falar sobre política, futebol, música, pois a seu ver, estes temas geravam conhecimento. Se fosse sozinho, usava a sombra das árvores como abrigo para pensar na vida, planejar o futuro, lembrar-se da família e na saudade que sentia, ou então, ler um bom livro.
Mas aquelas pessoas não. Andavam, de um lado para o outro em silêncio, com olhar perdido, como se fossem robôs sem emoção, dor ou sentimentos. Não olhavam o céu azul, não admiravam os pássaros que, volta e meia, sobrevoavam suas cabeças, não contemplavam os monumentos ou a natureza. Apenas caminhavam inertes, em seus mundos de tristeza e solidão, como se os domingos fossem o prelúdio da execução de suas penas de morte, ou no caso, penas de vida, pois viver parecia-lhes ser um fardo pesado demais para carregar.
Pedro permanecia imerso em seus pensamentos e, por isso, não reparou quando alguém se aproximou e parou em pé ao seu lado, de braços cruzados e um ar de deboche no semblante.
(Continua...)

Um comentário:

Samantha disse...

Não pode ser Ana... perderia toda a graça... teria que ser um amigo, ou a Bebel, amiga de Ana...