segunda-feira, 9 de março de 2015

Golpe de Estado? Não me façam rir.

Ando meio preocupado com o cenário econômico e político do Brasil de uns tempos para cá. Mas antes de pontuar os motivos de minha inquietação, devo advertir que, apesar de termos a mania de polarizar quase tudo nesse país, não se trata de um texto de militância, ou apoio a alguém, portanto, não perca seu tempo tentando argumentar com esse viés. Ando meio cansado dessas relativizações de discurso que alguns insistem utilizar para desvirtuar qualquer discussão.

Gosto de fatos. Sou dessas pessoas que são conhecidas como "São Tomé", pois só acredito quando posso ver. Alguns podem considerar isso negativo, afinal, credulidade é bem vista por alguns. Mas não sou assim, me desculpem. Sou da velha máxima de que "contra fatos não existem argumentos".

Nos últimos três meses, o País mergulhou em crises, escândalos e ameaça do retorno da inflação. Não se tratam de especulações, são fatos, disponíveis em qualquer site de notícias. Caso Petrobrás, aumento das tarifas básicas chegando a quase 40% em alguns casos, taxa de juros básica beirando os 13%, dólar disparando e projeção da inflação para este ano na casa dos 11% são apenas uma pequena mostra do que está me causando temor neste início de 2015.

O que piora tudo é o fato que, durante a campanha eleitoral, em seu programa, a presidente Dilma disseminou aos quatro ventos que todos esses itens acima listados ocorreriam caso Aécio vencesse o pleito. Ninguém me contou isso, eu assisti mais de um programa eleitoral onde a então candidata afirmou isso, categoricamente. Só posso presumir uma coisa: que ela mentiu dissimuladamente, ou devo crer de que ela não sabia de absolutamente nada do que aconteceria no pós-eleição?

Aécio perdeu, Dilma ganhou, e o que aconteceu? Estamos à beira de uma recessão que não era vista desde meados da década de 1990. Não que eu ache que se o Aécio tivesse ganhado as coisas estariam muito melhores. Creio que a bomba estava pronta para explodir mesmo antes das eleições, independentemente de quem ganhasse.

O governo tomou diversas decisões erradas, principalmente durante a crise de 2008, sob o pretexto de isolar o Brasil da onda de crise internacional. O problema todo é que essas ações foram apenas paliativos. O que temos hoje nada mais é que o reflexo de 2008, ainda vivo. Um enorme tsunami precedido de "marolinhas" que ninguém viu, ou por arrogância, ignorou solenemente. 

Outra coisa que me deixa de cabelo em pé é o caso da Petrobrás. Uma empresa pública reconhecida internacionalmente, símbolo de um Brasil que dava certo, enxovalhada por administrações espúrias. E não me venham com o argumento que de que na época do FHC já era assim. Pode ser até verdade (e acho que é), mas o caldo entornou agora, e o partido da presidente está há 12 anos no poder. Queria que se apurassem os fatos e que TODOS os envolvidos fossem condenados à prisão e devolução dos valores desviados. Porém, e é com tristeza que digo isso, duvido muito que qualquer um seja punido de verdade. Não veremos a cor do dinheiro, tampouco os envolvidos julgados e presos no rigor da lei. E por conta disso, devo me indignar sim com quem é o responsável pela empresa e pelo país atualmente, pois tiveram 12 anos para consertar o que estava errado, e não só não o fizeram, como ainda entraram no oba-oba que tanto criticaram quando eram oposição. 

Para pôr fim aos discursos diversionistas e utópicos daqueles que ainda defendem a atual gestão do país, proponho uma analogia: digamos que um restaurante serve comida estragada aos seus clientes. Os clientes descobrem isso e param de frequentar o dito restaurante, o que obriga o dono a vender seu estabelecimento para outra pessoa. O novo dono sabe que o restaurante servia comida estragada. Porém, ao invés de jogar todo o alimento estragado fora, para começar a servir alimentos novos e frescos, decide manter a velha prática do antigo dono, pois isso gera mais dinheiro em seu bolso. Devo culpar só o antigo dono, ou também o novo dono, que age de má fé da mesma forma, ou até mesmo pior, pois sabia o que estava ocorrendo e preferiu deliberadamente adotar a mesma prática?

É isso que ocorre hoje com a Petrobrás. O "novo dono do restaurante" continuou servindo comida estragada, sem se importar se antes culpava quem o fazia. Adotou a mesma prática escrota que outrora recriminava com rigor - e com certo extremismo, por vezes -.

Aos Petistas só tenho uma coisa a dizer: parem de defender o indefensável! Tenham hombridade e caráter de assumir que erraram e estão fazendo mal ao país. Parem com esse discursinho ridículo de dizer que é a "Direita Maligna" que está criando tudo isso, na tentativa de concluir seu plano diabólico de um golpe de estado. Isso não existe. Não se trata, também, de uma luta dos burgueses contra o povo. Não me considero burguês, muito antes pelo contrário. Morei na periferia minha vida toda. Ralei para caramba para conseguir o que consegui. Sempre fiz por mim. Por isso, não posso permitir que alguns alienados me coloquem no mesmo balaio de gato em que a burguesia está. Não sou burguês, sou do povo. Porém, me sinto envergonhado por ter um governo como este. Envergonhado e com raiva, pois mentiram para nós esse tempo todo. Mentiram quando nos disseram que seriam diferentes daqueles que já ocuparam os mais altos postos desse país. Mentiram quando disseram que não cometeriam os mesmos erros do passado. Mentiram quando nos disseram que não saqueariam o Brasil como os outros governantes. 

Vilipendiaram nosso, povo assim como "a direita" fez, como os milicos fizeram, como os ditadores fizeram, como a monarquia fez. Parabéns aos Petistas! Se tornaram exatamente a mesma coisa que todos os outros. Roubaram como todos os outros. Mentiram como todos os outros. Não consigo mais distingui-los no meio da lama. Vocês são todos "farinha do mesmo saco".

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