Vivemos tempos nebulosos no "País do Futuro". O Brasil não via tantos escândalos envolvendo práticas espúrias, desde o período do governo Collor, dos anões do orçamento e da LBA. A política brasileira está fedendo feito um chiqueiro de porcos, tamanha a sujeira e podridão que assola os gabinetes, salões nobres e palácios de nossos governantes.
Meu primeiro impulso é execrar toda essa corja que insiste em vilipendiar o povo, através de obras superfaturadas, propinas e recebimento de "benesses" em troca de favores. Estes senhores, que já não ganham um salário baixo se comparado ao padrão médio da população, e não satisfeitos, recheiam seus colchões com o dinheiro que escorre abundantemente através das secretarias, empresas públicas e ministérios, fora os vultuosos auxílios instituídos, mesmo estes sendo apenas mais uma das canalhices da classe política nacional, que me soa como uma aberração.
Porém, olhando para o nosso povo, percebo que possuímos a classe política que merecemos. Não fazemos o menor esforço para ter o direito de possuir uma classe política decente neste país. Somos tão corruptos como qualquer um dos que habitam os gabinetes. Cheiramos tão mal como qualquer político deste país, e disso não me resta qualquer sombra de dúvida.
Ao ler minha constatação você pode gritar, espernear, me xingar com todo o tipo de palavrão que conhece. Honestamente, pouco me importa isso, pois minha divagação é sólida e ancorada por fatos irrefutáveis que acompanho todos os dias por onde ando. Vejo o dia-a-dia nas ruas, e sim, somos um país de "picaretas". Ou o empresário que oferece a propina à um político para garantir preferência em licitação é mais honesto que aquele que recebeu o suborno? Falamos mal do político, mas, convenientemente, esquecemos da ponta ativa do processo de corrupção. Cegamos para o corruptor, afinal, eles são mais próximos a nós do que os políticos.
Para resolver o problema da classe política, antes, precisamos resolver o problema do povo. Somos um país de corruptos. Tentamos levar vantagem em absolutamente todos os aspectos, seja no âmbito profissional ou pessoal. Quer a prova? Responda as seguintes questões: você sempre devolve o troco errado que recebeu da caixa do supermercado? Você não ultrapassa o sinal vermelho, ou tranca o cruzamento de sua cidade? Você nunca colou na escola? Nunca deixou de devolver algo que não era seu ao verdadeiro dono? Nunca furou uma fila? Ou tentou levar vantagem sobre alguém?
Na minha modestíssima opinião, você não foi capaz de responder "não" a pelo menos uma das perguntas acima. Eu também não fui capaz, fique tranquilo. Se gabaritou, lembre-se que é essas perguntas são apenas exemplificativas. Existem um sem-fim de situações e atitudes com as quais nos deparamos todos os dias, mas que não percebemos se tratarem de coisas erradas e nem pensamos sobre os danos que elas causam.
Temos a pretensão de cobrar melhores práticas dos políticos, mas não somos capazes nem de fazer nossa parte. Somos um povo patético nesse sentido. Os políticos nada mais são que um reflexo da população brasileira em sua essência.
Se queremos combater a corrupção, antes de mais nada, precisamos combatê-la em nós mesmos. A partir do momento em que corrigirmos nossos desvios de caráter, seremos capazes de compreender melhor o que que é errado e, assim, seremos capazes de cobrar de maneira correta e justa. Povo corrupto gera políticos igualmente corruptos. Parece simples, mas ainda assim, não conseguimos entender.
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