terça-feira, 19 de maio de 2015

Não ter dinheiro não é o único problema...

Ouço em todos os veículos de comunicação, sites e blogs de "especialistas" que o problema financeiro do Grêmio inviabiliza completamente a montagem de um time minimamente competitivo que, pelo menos, não nos faça sentir vergonha.
Em parte, pode até ter um fundo de verdade nesta afirmação. Sem dinheiro, o Grêmio já larga atrás na hora de competir por atletas afirmados ou destaques que outros clubes também querem. E não adianta espernear: quem tem mais dinheiro, leva vantagem mesmo. O capitalismo funciona desta forma e não há nada que possamos fazer a respeito.
Mas vamos aprofundar um pouco essa análise. Dinheiro é realmente imprescindível, ou existem formas de contornar essa situação? Será que clubes descapitalizados sempre estão fadados à humilhação pública e ao descenso iminente? A resposta a essas perguntas está na própria história do Grêmio.
Eu poderia chegar aqui e exaltar o time de 1995, que foi montado com poucos recursos, buscando jogadores renegados em seus clubes de origem. Mas convenhamos, atirar para cima e acertar a Lua não acontece todo dia. Na verdade, a chance de repetirmos essa receita e ela funcionar efetivamente é ridiculamente baixa, como os últimos quinze anos insistem em nos lembrar todos os dias.
O time o qual eu gosto de tomar como base é o time de 2006/2007. Isso mesmo, o time que perdeu a Libertadores para o Boca Juniors. Aquele time era um festival de jogadores desconhecidos e baratos. Um time montado ainda sob a égide do retorno heroico da segunda divisão, com juniores, jogadores de times pequenos e alguns rejeitados.
Aquele time tinha Patrício, Sandro Goiano, Lucas Leiva e Carlos Eduardo. Não tinha grandes destaques. Nosso melhor jogador era o Tcheco. Nosso técnico era Mano Menezes.
Qualquer ser humano em sã consciência, e falo isso como gremista, não tinha a menor perspectiva de que esse time pudesse ganhar alguma coisa. Na verdade, os mais céticos, inclusive, apostavam no retorno à segunda divisão já em 2006.
Mas o que se viu foi um time taticamente organizado, pensado de forma coletiva, e com uma garra acima da média. Um "Grêmio com cara de Grêmio". Cara essa que havíamos perdido na montagem time do Tite de 2001, que era um time que contava com jogadores mais técnicos e com mais toque de bola.
Alguns vão perguntar: mas o que esse time ganhou? Um gauchão, apenas. Mas senti muito orgulho desse time em diversos momentos. Ou vão me dizer que não ficaram com os olhos marejados na vitória contra o São Paulo, na Libertadores de 2007? Ou no gol de nuca de Pedro Júnior em 2006?
O que quero demonstrar com tudo isso é que HÁ SIM forma de montar um time modesto, porém aguerrido. Que se não vai ganhar títulos em um primeiro momento, vai, pelo menos, resgatar um pouco do orgulho dos gremistas.
O time de hoje vai lá e perde, pura e simplesmente. Ou melhor, perde e se acomoda. O Grêmio hoje me parece acostumado a perder sem lutar. Se entrega antes mesmo da briga, com discursos derrotistas de dirigentes e jogadores, sem brio, sem raiva, apenas resignação. Isso não há dinheiro que compre. Antes de pensar em dinheiro, precisamos fazer um trabalho interno de resgate do orgulho de ser gremista.
Hoje temos 80 mil sócios, e vivemos essa penúria de títulos. Agora imaginem se começarmos a reverter resultados adversos, com um time brigador em campo? Rapidinho nós, apaixonados como somos, vamos lotar a Arena, ultrapassar os outros times em número de sócios e faturar muito mais dinheiro. A ideia parece simplista, mas tem um ingrediente simples e básico, que os que dirigem o Grêmio nos últimos anos fazem questão de esquecer: somos a torcida mais fanática do Brasil. Queremos apoiar o Grêmio sempre. Queremos aplaudir até mesmo na derrota. Mas para fazermos isso, precisamos enxergar, ao menos, que nosso time tem vontade e garra. Pode perder, mas precisa ter gana de ganhar. É só isso que a torcida pede, empenho e dedicação desses caras. O resto, acontecerá naturalmente.

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