quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Crime e Castigo

Se sentir seguro, antes de ser um fato, é uma percepção. Você, de acordo com aspectos psicológicos e empíricos, se sente mais ou menos seguro, de acordo com a situação, local e  horário. Nos sentimos mais seguros ao meio-dia de domingo em um shopping center, e menos seguros ao parar em uma sinaleira, as duas da manhã, na Av. Voluntários da Pátria, por exemplo.

Entretanto, o cenário que estamos vivendo no Rio Grande do Sul, hoje, extrapola muito as métricas pré-estabelecidas em nossas mentes, com relação à sensação de segurança que os gaúchos carregavam outrora. Não nos sentimos mais seguros em lugar nenhum, em qualquer hora do dia ou noite.

Ao longo do ano, e mais acentuadamente nos últimos dias, diversas notícias acerca do alto índice de criminalidade tomam as capas dos jornais e portais de notícias. Não sejamos hipócritas, afinal, notícias sobre crimes sempre existiram, de fato. Porém, o que me causa mais estranheza, são os locais e horários dos últimos crimes noticiados.

Um senhor foi atingido por uma bala perdida, depois que bandidos assaltaram um supermercado na av. José de Alencar, em Porto Alegre. Acabou falecendo quatro dias depois no hospital. Era pouco mais de 22h e, apesar de não ser mais horário de "pico", quem conhece sabe que aquela região, a esta hora, ainda está efervescente de pessoas e automóveis, por conta de seus restaurantes e bares. Ele achou que era seguro levar seu cão para passear àquela hora, naquele local. Apesar de sua percepção lhe dizer que era seguro, a realidade se mostrou diferente.

Quatro da tarde, terça-feira, 8 de setembro. Um dia comum, em um bairro de classe média alta de Porto Alegre. Dois homens invadem um supermercado e assaltam o estabelecimento em plena luz do dia. Durante a perseguição, da janela do meu escritório, vi helicópteros sobrevoando a região, auxiliando na busca dos fugitivos. A sensação de segurança que esta região da cidade sempre me transmitiu foi manchada por este fato, e outros fatos menores que ao longo do tempo, e mais intensamente nas últimas semanas, tomamos conhecimento.

Hoje, não há mais hora ou local. Você sofrerá as consequências as 8h da manhã, a caminho do escritório, como um ex-colega de trabalho que, ao sair da garagem, foi abordado por dois indivíduos. Foi obrigado a percorrer os caixas eletrônicos em seu automóvel, efetuando saques, até ser abandonado em uma estrada de Viamão.

Ao chegar em casa, após o trabalho, olhe bem para os lados, ou poderá acontecer o que aconteceu com uma moradora de Canoas, cidade onde moro. Ao subir a rampa de acesso a garagem, enquanto aguardava o portão abrir, sentiu o cano gelado da pistola de um assaltante tocar sua cabeça. Teve veículo, bolsa, notebook e dignidade levados por dois assaltantes de moto. Passava um pouco das 19h.

Segurança é uma sensação, provocada por aspectos psicológicos e empíricos. Hoje, no Rio Grande do Sul, nosso psicológico está abalado e nosso empirismo nos diz para trancarmos as portas e janelas, e esperarmos pelo pior, pois cedo ou tarde, ele chegará.

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