segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Estádio Olímpico Monumental - O Texto Derradeiro



O dia era 19 de abril, o ano 1994. Ao acordar naquela manhã, mal sabia eu que naquele dia eu ficaria marcado, de maneira irrefutável, para o resto de minha vida. Nesta data adentrei, pela primeira vez, no Estádio Olímipico Monumental, que após àquela vitória de 2 x 0 sobre o Corinthians, pela Copa do Brasil, passei a considerar, por muitos anos, minha segunda casa.

Foram tantos jogos, tantos momentos, alegrias e tristezas que vivi sentado - ou ajoelhado - naquelas arquibancadas de concreto, que não sou capaz de mensurar corretamente. Foram tantas jornadas ao longo destes quase vinte anos. Como dizer adeus, assim?

Parece melodramático demais, sei disso. Mas garanto a vocês que trata-se do mais puro sentimento, que até pode não ser entendido por alguns, mas é tão verdadeiro como aquela sensação boa de chegar em casa, após um longo período de afastamento. É isso que penso cada vez que sinto o cheiro do cachorro-quente e do churrasquinho ali na José de Alencar. Ou o som dos radinhos de dez reais, que insistentemente são vendidos pelos ambulantes, na entrada do Estádio.

Como poderia deixar passar em branco o Bar Olímpico, que vendia cerveja barata e meio gelada? E a Geral, em seu início, ainda dentro do cercadinho? Aquilo parecia coisa de gente doida. Uns três ou quatro malucos que "copiavam" os barrabravas argentinos. E não é que deu certo? Hoje nós é quem somos copiados e invejados. Provamos que não somos argentinos, somos gremistas. Possuimos nosso próprio jeito de torcer, ou seria, "alentar"? Temos trapos, avalanche, banda e um gaudério que passa o tempo todo pendurado com uma bandeira na mão a frente da torcida a entoar cantos, uns mais lindos que outros.

Essas nuances me lembram o lar. Sinto como se eu tivesse sido parido naquele Portão 10. É como se eu tivesse usado o Largo dos Campeões como meu campinho, e os arcos da entrada como goleira, durante minhas brincadeiras de criança. O Olímpico era o quintal de casa, ou vizinhança, daquelas onde todo mundo se conhece.

Sempre que vou aos jogos, seja de T6, seja embarcando no ônibus "Futebol", ali ao lado do Mercado Público, de carro ou a pé, sou tomado de um sentimento similar ao de estar voltando para casa. Encontrarei meus irmãos e irmãs, e todos juntos, cantaremos as músicas da família, vibraremos com nossos feitos, e choraremos com nossas derrotas, sempre em família, sempre na nossa casa.

Confesso que ainda não consegui me acostumar com a idéia de que, passado o GRE-nal, da próxima vez que eu pegar minha camiseta listrada para torcer pelo meu time do coração, não passarei mais pela João Pessoa, cheia de gremistas caminhando, alguns de bandeira na mão, em direção ao Monumental.

Vamos sair de nossa casa. Vamos nos mudar para uma nova casa, muito mais bonita e cheia de recursos, que a antiga não dispunha. Mas convenhamos, deixar o lugar onde temos as melhores lembranças de nossas vidas de torcedor não é nada fácil. Nunca é fácil partir.

Não faço idéia do que se passará na minha mente quando eu caminhar pela última vez na Carlos Barbosa, quando eu passar pela frente do suplementar, ou ainda, quando chegar na mureta e pendurar minha bandeira pela última vez. Não sei como agirei ao sair do Monumental, em direção ao Largo dos Campeões, junto com a multidão de gremistas que, assim como eu, não poderão mais voltar ao seu verdadeiro lar.

Já tenho a certeza de que o vazio no peito, deixado por nossa antiga e querida casa, está delimitado, e jamais será preenchido por nada. Olímpico, deixará esta vida, com a certeza de ter cumprido seu papel glorioso, e entrará para história da nação gremista, como nosso lar, cheio de alegrias e momentos felizes. Será, eternamente, a casa dos gremistas.

Adeus Estádio Olímpico Monumental! Grêmio, nada pode ser maior!

2 comentários:

Ale disse...

Lindas palavras...palavras de um verdadeiro gremista. Essa despedida será muito difícil para todos os gremistas, principalmente para você meu amor, meu gremista lindo.

Luigisp disse...

Eh meu amigo..... vai ser difícil mesmo...foram anos incríveis para todos nós...

Quase chorei aqui, pois a cada palavra sentia a mesma coisa... os mesmos sentimentos iam tomando conta de mim.....

Abraço!